Conheça as indicações para reposição hormonal, riscos e benefícios
Acesse os links abaixo para ler diretamente o tema do seu interesse:
- Quais indicações para a terapia de reposição hormonal na menopausa?
- Quando iniciar a terapia de reposição hormonal?
- O que precisa para começar o tratamento de reposição hormonal?
- Como é realizada a terapia de reposição hormonal na menopausa?
- Quais são as contraindicações à terapia de reposição hormonal da menopausa?
- Reposição de testosterona na mulher, quando é indicado?
- O que são hormônios bioidênticos?
- Implante hormonal na menopausa
- Reposição hormonal em homens
- Contraindicações ao uso de testosterona
- Testosterona e obesidade
- Reposição hormonal masculina - Tratamento
- Terapia hormonal em Trans
Ou veja o texto completo a seguir. Boa leitura!
Quais indicações para a terapia de reposição hormonal na menopausa?
As indicações clássicas de tratamento de reposição hormonal são:
- Fogachos, as ondas de calor.
- Secura vaginal, dor na relação sexual, incontinência urinária, coceira genital (ou seja, sintomas devido a redução do estrogênio nos tecidos da vagina/vulva e via urinária). Quando os sintomas são exclusivamente na região genital pode-se utilizar tratamento apenas local com cremes ou comprimidos vaginais.
- Prevenção de perda de massa óssea e fratura por fragilidade.
- Menopausa precoce (falência/insuficiência ovariana prematura).
Além disso, quando iniciado o tratamento existem outros benefícios:
- a reposição hormonal melhora da pele, redução do ressecamento da pele, podendo diminuir aspecto de pele envelhecida
- melhora do sono
- melhora da qualidade de vida
- melhora do humor
- a reposição hormonal não engorda nem emagrece, mas melhora do padrão de distribuição de gordura corporal (evitando o acúmulo preferencial em região abdominal, padrão da menopausa)
- diminuição de chance de câncer colorretal
- redução de risco cardiovascular
- redução de risco de doença de Alzheimer
- redução de risco de desenvolver diabetes tipo 2 e melhora do controle do diabetes em quem já possui esse diagnóstico
Quando iniciar a terapia de reposição hormonal?
Sabemos que existe segurança para iniciar a terapia hormonal antes dos 60 anos de idade ou até 10 anos da última menstruação (menopausa), o que chamamos de janela de oportunidade para o tratamento. Os estudos mostram que iniciar nesse período há redução de riscos, enquanto que se realizado tardiamente há um aumento de riscos cardiovasculares (infarto, AVC).
O que precisa para começar o tratamento de reposição hormonal?
Antes de tudo precisa ter indicação e excluir contraindicações ! Para isso precisamos de uma consulta com endocrinologista e uma boa história pessoal, saber das doenças atuais e prévias, medicações, checar exames de sangue, estar com mamografia em dia, talvez ultrassom transvaginal.
Como é realizada a terapia de reposição hormonal na menopausa?
É realizada através da reposição de estrogênio para alívio de sintomas. Em mulheres com útero (que não realizaram histerectomia - retirada cirúrgica) é necessário também realizar proteção do endométrio (camada interna do útero que pode descamar e sangrar) com progestagênios (oral, local como utilização de D I U como mi re na/ky lee na ou transdérmica- em gel ou creme).
A dose utilizada é variável e controlada de acordo com a resolução de sintomas sempre na menor dose possível. A via de administração depende das características e preferências do paciente, decidido em conjunto na consulta, podendo ser oral, transdérmica (gel, creme, adesivo) e em alguns casos na forma de implante.
Quais são as contraindicações à terapia de reposição hormonal da menopausa?
- Câncer de mama, endométrio (história pessoal)
- Trombose (dependendo da via de administração)
- Sangramento uterino de causa desconhecida
- Infarto, angina, doença coronariana conhecida, acidente vascular cerebral (AVC)
- Porfiria, Lúpus eritematoso sistêmico, doença hepática descompensada
Reposição de tes tos te ro na na mulher, quando é indicado?
A persistência de redução do desejo sexual (libido), depois de excluídas outras causas, é a principal indicação de uso. Não existem produtos farmacêuticos em dosagem para mulheres disponíveis no Brasil, então a medicação precisa ser manipulada, sempre em forma de gel ou creme para não ter as alterações decorrentes do uso via oral.
A dose é de acordo com resposta clínica, não havendo necessidade de dosagem de tes tos te ro na antes do início ou após. Caso não haja resposta após otimização do tratamento e boa adesão ou os efeitos colaterais estejam desfavoráveis o tratamento deve ser suspenso.
O que são hormônios bioidênticos?
Terapêutica hormonal bioidêntica é aquela que se faz por meio de hormônios com estrutura química idêntica à observada naqueles naturalmente produzidos pela mulher. Todavia, o termo tem sido utilizado erroneamente apenas para os hormônios formulados em laboratórios de manipulação.
Atualmente possuímos formulações produzidas pela indústria farmacêutica de componentes iguais aos produzidos pelo corpo, como va le ra to de es tra di ol e 17 be ta es tra di ol, podendo ser considerados reposição hormonal natural. Antigamente era utilizado estrogênio equino conjugado, mas este já está em desuso!
A terapia hormonal combinada contínua de pro ges te ro na micronizada associada ao es tra di ol transdérmico é mais eficaz e segura que qualquer composição de "hormônios bioidenticos manipulados". Apenas se justificam em mulheres que não toleram a terapia hormonal clássica por motivos alérgicos aos componentes ou por necessidade de doses hormonais distintas das comercialmente aprovadas.
Implante hormonal na menopausa
A utilização de implantes hormonais via subcutânea é uma das opções de ofertar hormônios de forma contínua. São produzidos em farmácias de manipulação, existindo opções absorvíveis e não absorvíveis (necessidade de retirar o material de silicone após certo período de uso). Não existem grandes estudos em relação a esse método, se justificando o uso apenas quando outras vias não são toleradas.
Quem realiza o tratamento da menopausa?
Ginecologistas e endocrinologistas são os médicos especialistas em reposição hormonal feminina. Para tirar outras dúvidas sobre indicações, contraindicações e tratamento agende uma consulta!
Reposição hormonal em homens
A reposição hormonal em homens está indicada quando há deficiência de tes tos te ro na que pode ocorrer por diversas causas como: doenças e síndromes genéticas (Kleinefelter, Kallmann, Prader-Willi), trauma, torção e/ou cirurgia de retirada de testículo, doenças e cirurgias de hipófise. Pode, ainda, ter causas secundárias como por exemplo: uso indevido de a na bo li zan tes, ao aumento de pro lac ti na, uso de medicações como cor ti cói des e o pi ói des, além da obesidade.
A investigação se inicia em homens com sinais e sintomas como:
- desenvolvimento sexual incompleto na puberdade
- redução do desejo sexual
- redução de ereções matinais espontâneas
- ginecomastia (surgimento de mama)
- infertilidade
Alguns sintomas são inespecíficos, como redução de energia, humor deprimido, alterações de composição corporal, podendo ser devido a outros aspectos da vida (como a rotina, estresse, sono ruim, alimentação e sedentarismo).
O diagnóstico é feito associando sinais e sintomas a níveis baixos de tes tos te ro na (total ou livre). Não existe consenso sobre o valores de cortes, mas a maioria das diretrizes excluem o diagnóstico de hipogonadismo com tes tos te ro na total maior que 350ng/dl e consideram valores abaixo de 200ng/dl suficientemente baixos e corroboram para o diagnóstico de hipogonadismo. Lembrando que a coleta deve ser realizada entre 7-10 horas da manhã em jejum e, caso alterado, deve ser repetido em uma segunda amostra, uma vez que temos variações em sua concentração ao longo do dia.
Contraindicações ao uso de tes tos te ro na
- câncer de próstata
- sintomas de hiperplasia prostática benigna
- hematócrito maior que 48%
- apneia do sono grave sem tratamento
- insuficiência cardíaca descompensada
- infarto ou avc nos últimos 6 meses
- trombofilia
- desejo de ter filhos pelo risco de infertilidade
Tes tos te ro na e obesidade
A obesidade é uma causa muito bem estabelecida do hipogonadismo masculino. Sabemos que a perda de peso tem um impacto significativo nos níveis de tes tos te ro na, podendo normalizá-la nos casos em que estava baixa devido a obesidade (quando excluídas outras causas).
Reposição hormonal masculina - Tratamento
O tratamento é feito através da reposição de tes tos te ro na que pode ser na forma de gel (aplicação diária) ou injetável intramuscular de curta duração (média de 21 dias) ou de longa duração (média de 12 semanas) devendo a dose ser ajustada de acordo com exames laboratoriais para mais ou para menos. Tanto o excesso quanto a deficiência de tes tos te ro na estão associados ao aumento de doenças cardiovasculares.
Outras opções de tratamento são o clo mi fe no e o h C G (gonadotrofina coriônica humana) naqueles pacientes em que há desejo de preservar a fertilidade.
As diretrizes Americana, Européia e Brasileira de Endocrinologia condenam o uso de tes tos te ro na e similares para fins estéticos (como a na bo li zan tes) uma vez que não existe dose segura e os riscos não justificam o uso (hipertensão, aumento do colesterol, aumento de placas de gordura nas artérias do coração, redução da função do coração são alterações já descritas pelo uso de a na bo li zan tes).
Terapia hormonal em Trans
A terapia hormonal em pessoas trans é uma forma de adquirir caracteres do gênero com o qual se identificam. Esse tratamento é regulamentado no SUS pela Portaria 2803/2013.
Critérios para terapia hormonal de afirmação de gênero:
- ter disforia/incongruência de gênero bem documentada
- ter capacidade de informar uma decisão e consentir com seu tratamento
- ter mais 18 anos
- Transtornos mentais estabilizados
Os objetivos da terapia hormonal em pessoas trans são:
Promover saúde e qualidade de vida as pessoas trans objetivando satisfação pessoal, minimizar transtornos psiquiátricos mais comumente associados antes da terapia hormonal, esclarecer, ouvir e acolher pacientes e familiares.
Riscos associados à terapia hormonal para pessoas trans:
Em mulheres trans:
Redução das ereções espontâneas, da libido, do volume testicular e da produção do esperma com possível comprometimento da fertilidade. Há risco potencial de câncer de mama, tromboembolismo (trombose venosa), acidente vascular encefálico (derrame cerebral), infarto agudo do miocárdio (infarto do coração), alteração da sensibilidade à in su li na e metabolismo da glicose, pode haver benefício ou prejuízo na massa óssea.
Em homens trans:
Aparecimento de acne (espinhas nas costas e face), mudanças no timbre da voz, alterações no apetite, retenção de líquidos, aumento da massa muscular e da libido. Há risco potencial para tromboembolismo (trombose venosa), alopecia (queda de cabelo), desenvolvimento ou piora da apneia do sono (dificuldade de respirar ao dormir), aumento da pressão arterial, policitemia (aumento dos glóbulos vermelhos do sangue) e piora do colesterol.
Para reduzir o risco dos efeitos adversos da terapia hormonal é necessário ajuste de dose conforme protocolo de exames. Por isso é tão importante manter seguimento regular com médico especialista.
Referências:
- Consenso Brasileiro de Terapêutica Hormonal da Menopausa
- Portaria n. 2803 de 19 de novembro de 2013
- Resolução CFM n. 2265 de 20 de setembro de 2019
- Termo de consentimento livre esclarecido para terapia hormonal em trans SBEM

Dra. Luciana Oharomari
CRM-SP: 192282 / CRM-MG 93060
RQE CLÍNICA MÉDICA: 91876
RQE ENDOCRINOLOGIA E METABOLOGIA: 102761
Curriculo Lattes: http://lattes.cnpq.br/7066045371307292
Graduada em Medicina, pela Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto, Universidade de São Paulo – Ribeirão Preto, com Título de Especialista em Endocrinologia e Metabologia pela Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia (SBEM).